quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pecado, Confissão e Cura




Este é um dos assuntos que mais exige trato pastoral.
Muitas pessoas estão com enfermidades na alma e até mesmo com doenças físicas devido o pecado. A missão fundamental do conselheiro é a de conscientizar o aconselhado desta triste realidade, no intuito de levá-lo ao arrependimento e a cura.

Muitos médicos e psicólogos acreditam que a ira, o medo e o complexo de culpa, por exemplo, sejam responsáveis por uma grande parte das doenças. O que nem todos sabem é estas coisas são chamadas na Bíblia de pecado. Mt 5:21-22 e Rm 14:23. Consciência culpada e pecado não confessado são a raiz de muitas enfermidades. Nestes casos o restabelecimento físico está relacionado diretamente à confissão de pecados. Há crentes em nosso meio que precisam muito mais de arrependimento do que de remédios e tratamentos médicos.
Aqueles que estão doentes porque guardam sentimentos maldosos para com outras pessoas, podem ser curados da alma e do corpo quando estiverem dispostos a confessarem seus pecados.

No Evangelho de João, encontramos um homem que sofreu 38 anos de uma paralisia física e que um dia foi milagrosamente curado pelo Senhor Jesus. Depois de curado o Senhor disse o motivo pelo qual aquele homem sofrera tanto tempo:

“Olhe que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.” Jo 5

O pecado pessoal foi a causa de todo o sofrimento do paralítico. Imagine por um instante só... um homem permanecer paralítico uma vida inteira, sofrendo as agonias de uma enfermidade incurável. Quantos sonhos não realizados, quanta dor, preconceitos...
Não devemos guardar ou armazenar o que não presta. O próprio corpo nos ensina isso quando respiramos o oxigênio e exalamos o gás carbônico. Assim deveríamos fazer o mesmo com a respiração espiritual: exalarmos o pecado na confissão e inalarmos o perdão de Deus que nos dá vida, pela apropriação da fé.

O que a Bíblia diz sobre guardar o pecado?
"Enquanto guardei silêncio, consumiram-se os meus ossos, pelo meu bramido durante o dia todo. » Sl 32:3
Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Sl 32:4
Confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado. Sl 32:5

Tg 5: 16 Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados.

O pecado pessoal é uma porta aberta para as doenças. Por quê? Por várias razões, sendo que a primeira que devemos considerar diz respeito ao juízo, a punição ou disciplina que recebemos pela transgressão, delito ou iniquidade praticada, sem o acompanhamento de confissão e arrependimento.
Quando pecamos, além de sairmos do centro da vontade de Deus, perdemos temporariamente nossa comunhão com Ele. Se não houver arrependimento e confissão do pecado cometido podemos ficar indefinidamente afastados da presença divina e de sua proteção. Fora do âmbito da cobertura celestial e da vitalidade que a presença de Deus gera em nós, estaremos à mercê dos constantes ataques malignos.


Como o conselheiro cristão pode definir pecado para o aconselhado

Como definir pecado para a sociedade contemporânea?

Vivemos dias de relativismo ético.
Nem mesmo pecados de repercussão externa como matar e roubar podem ser considerados unânimes na definição de nossa sociedade. Tomemos, por base, os seguintes exemplos:
Matar - Todos concordam que é pecado matar, mas quase todos também concordam que matar o indivíduo que assassinou uma velhinha indefesa não seja pecado e sim um ato de justiça.
Roubar - Todos concordam que roubar é pecado. Mas a maioria também é de acordo que roubar de uma autoridade política, de conduta duvidosa, não seja pecado.
Em outras palavras, a sociedade só considera pecado algo que seja incluído na categoria de prática terrível, e mesmo assim ainda há controvérsias.
Este contexto social hodierno, somado ao fenômeno da evolução cultural, faz com que constantemente nos conformemos ao estilo de vida da prática coletiva. Os hábitos e conceitos vão mudando com o passar do tempo, e, aos poucos, as práticas que outrora eram escandalosas vão sendo assimiladas e encaradas com naturalidade.

Auto-suficiência e Libertinagem
O pensamento básico de nossa sociedade é de ter a liberdade de tomar qualquer decisão que achar melhor, sem ser questionada por ninguém. Este é um período em que as pessoas não querem se submeter a qualquer autoridade, achando-se no direito de determinar as suas normas de conduta de acordo com os seus próprios desejos, sem que haja limites de qualquer natureza.

A Falta de Modelo
As instituições que deveriam ter autoridade sobre a sociedade, infelizmente, não gozam mais de credibilidade, pois gradativamente estreitaram a comunhão com o pensamento coletivo, assumindo postura semelhante ao desejo da massa. Governo, justiça, polícia, escola, família estão ficando cada vez mais desacreditados.
O homem, diante da inexistência de fundamentos para buscar a sua postura ética de comportamento social acaba escolhendo o que lhe parece melhor, ou seja, algo que possa contar com a total aprovação de todos segmentos.

Recentemente li um artigo numa revista dominical que me chamou a atenção. " Luis Fernando Veríssimo desenhou o avô, da Família Brasil, perguntando à neta grávida se o bebê seria homem ou mulher, ao que a neta respondeu, com naturalidade: Não sei, vai escolher quando crescer".

A definição do Conselheiro - Afinal, O que é Pecado?

A definição mais comum para pecado é "infringir a lei de Deus".
Qualquer falta de conformidade, ativa ou passiva, com a lei moral de Deus.
Pecado é uma posição de rebelião que ocupamos em relação a Deus.
Pecado é um estado de rebelião direta contra Deus:
É uma atitude de recusa de submissão: Uma pretensão de autonomia em relação a Deus. Pecado é uma opção pela auto-suficiência, que gera no homem uma ilusão de potência e faz com que ele desperdice recursos como se fossem inesgotáveis, fazendo-o descer ao nível da desumanização.
O pecado ilude e anestesia.

Einstein, o físico do século, escreveu em 1948:
"O único verdadeiro problema de todos os tempos se acha no coração e nos pensamentos dos homens. Não se trata de um problema físico, mas de um problema moral. É mais fácil modificar a composição do plutônio do que a do espirito mau de um indivíduo. Não é o poder de explosão de uma bomba atômica que nos assusta, mas o poder da maldade do coração humano, sua força explosiva para o mal".

Com esta declaração o grande cientista Einstein concorda com o profeta bíblico da antigüidade:
"Enganoso é o coração, mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto" (Jr. 17:9).
O profeta Isaías também confirma o diagnóstico pessimista de Einstein:

"Toda cabeça (fonte dos pensamentos e da vontade) está doente, e todo coração (fonte de sentimentos) enfermo. Desde a planta do pé (o andar) até a cabeça ( o pensar) não há nele cousa sã ( Is 1:5-6).

Fizemos avanços tremendos nos últimos anos, progredimos na ciência, tecnologia, mas não conseguimos acabar, dominar ou mesmo diminuir o pecado na humanidade. Concluímos que o maior problema do homem é o pecado.


O Pecado no Ser Humano

O homem tem uma natureza pecaminosa, pode ter atitudes ou ações pecaminosas circunstanciais e , não raramente, hábitos pecaminosos.

Natureza Pecaminosa - Tendência, inclinação para o mal -
A natureza humana tem em si mesma uma inclinação, uma disposição interior, uma tendência para o mal. Alguém disse mui sabiamente que nesse caso, o ser humano é tão culpado por pecar quanto o tuberculoso é culpado de tossir. O problema já não é a tosse, mas a tuberculose. (Somente Jesus Cristo pode nos dar uma nova natureza. Quem está em Cristo é nova criatura, as coisas velhas passaram e eis que tudo se fez novo" I Co 5:17)

Atitude ou ação pecaminosa - Transgressão causual, esporádica, um deslize moral ocasional, um erro isolado, etc

Prática Pecaminosa Continuada - Quando o pecado se torna um Hábito, estilo de vida e comportamento.

Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando; antes o guarda aquele que nasceu de Deus, e o Maligno não lhe toca. I Jo 5:18


A Confissão dos Pecados

O Salário do Pecado é a Morte - Rm 6:23 - As conseqüências e efeitos do pecado são drásticos para a saúde física e emocional; os efeitos são ainda piores no sentido espiritual, pois o pecado nos afasta de Deus. Porisso a Bíblia nos apresenta o remédio certo, a cura para o espírito, alma e corpo: A confissão.

A confissão de pecados foi uma exigência nos tempos do Antigo Testamento - (Levítico 5.5, Números 5.7 .A doutrina não mudou nos dias da Nova Aliança.

A ocultação de pecados denota deslealdade e traição à santidade de Deus.
A ocultação de pecados traz juízo sobre o pecador.
Somente a confissão e arrependimento podem restaurar nossa comunhão com Deus. A confissão faz bem ao corpo, alma e espírito. Faz bem a nós e ao próximo.

Conceitos de confissão
*    – Na religião: Admitir a culpa pessoal.
*    – Na psicologia: Desabafar, aliviar a consciência.
*    – Na vida profissional: Assumir o erro.
*    – Na sociedade: Admitir a limitação pessoal.
*    – Diante de Deus: Reconhecer-se pecador -– Lucas 5.8b -"Sou um pecador".

Confissões legítimas - Quando há uma decisão pessoal de confessar a Deus a transgressão: Lucas 5.8b - "Sou um pecador".
*    - Na ocasião da Conversão – Mt. 3.6b
*    - Desencargo de consciência
*    – Na Reconciliação com Deus – Lc. 15. 18 - 21
*    - Expor os passos do pecado e pedir misericórdia.
*    – Quando há Arrependimento – II Sm. 12.1 - 14
*    - Demonstrar arrependimento e desejo de reatar a comunhão –Sl 51; Sl. 38

Confissões Fracassadas - Quando não são autênticas -
A confissão tem que ser verdadeira, profunda, autêntica.
Confissões parciais, frias, superficiais, genéricas e mecânicas são insuficientes para obtenção do perdão.
Exemplos bíblicos de confissões fracassadas:
*    Confissão com tentativa de inocentar-se da culpa Gn. 3.12
*    Resultado: Castigo conforme a advertência.
*    Confissão por medo – Faraó – Ex. 10.16 – 17.
*    Resultado: Fracasso, juízo de Deus
*    Confissão forçada – Acã - Js. 7.17 – 26
*    Resultado: Condenação a morte.
*    Remorso Reprimido - Assume o erro, sem humildade. A pessoa assume uma atitude de auto punição sem expressar humildade na confissão e arrependimento . No remorso a pessoa sente os possíveis danos a si mesma e não a culpa por ter praticado o pecado. (Judas – Mt. 27.3-4)
*     Resultado: Desespero e suicídio)

A quem devemos Confessar o Pecado - Ao Ofensor
*    Ao Ofensor - Deus -
Lucas 18.13b - "Ó Deus, tem misericórdia de mim pecador".
*    Ao Ofensor - Homem -
Mates 5:24 - deixa ali diante do [altar] a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta.
*    Uns aos Outros -
Tg 5: 16 Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados.

Arrependimento e a Confissão - Processo Tríplice

1. Intelectual - Racional, do nosso Ponto de Vista;
1. Emocional - Dos sentimentos e emoções;
2. Da Vontade - Determinação e propósitos.

Intelectual - Racional - A mudança começa quando passamos a Pensar e Reconsiderar a questão que envolve o pecado cometido.
O arrependimento no âmbito intelectual começa com o reconhecimento do erro e estado de impureza diante de Deus. É preciso enfrentar a questão com honestidade intelectual, com franqueza, sem tentar se justificar. Admitir que está errado. Deixar de se enganar e tentar enganar os outros com desculpas; cessar os argumentos.
Um dos resultados visto no arrependimento é que a pessoa passa a condenar hoje o que aprovava no passado.
   
Emocional, dos sentimentos - Envolve os sentimentos da personalidade. Sentir a culpa, a vergonha e a tristeza de Ter pecado contra Deus. (ver 2Co 7:9-10)

Agora alegro-me, não porque fostes contristados, mas porque o fostes para o arrependimento; pois segundo Deus fostes contristados, para que por nós não sofrêsseis dano em coisa alguma.
" Porque a [tristeza] segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar; mas a [tristeza] do mundo opera a morte.

Nesta fase do arrependimento há contrição, lamento, choro, a pessoa passa a sentir a ofensa e o ultraje a Deus.

Volitiva - Da Vontade, dos Propósitos - A pessoa arrependida toma a decisão de abandonar o pecado. ( Pv 28:13)
O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.

Arrepender-se não é só reconhecer, confessar e sentir muito, mas DAR UMA PROVA de mudança. É abandonar o pecado e passar a fazer a vontade do Pai.

Ver Isaías 55:7
" Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e volte para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar.

Em Resumo: O pecador deve:
Reconhecer, Sentir a culpa e Tomar uma Decisão de Abandonar o Pecado

Os estágios do arrependimento são concluídos com a CONFISSÃO.

Benefícios da Confissão -

A Bíblia mostra que perdão e cura estão intimamente relacionadas. Sl 103:3 e Is 33:24
No jornal Lexington Herald-Leader ( EUA) de 23/09/84 já trazia um artigo afirmando que a confissão, sem levar em conta o que possa fazer para a alma, faz bem para o corpo. Estudos mostram de modo convincente que as pessoas que confiam a outras seus sentimentos e segredos perturbados ou algum evento traumático, em lugar de suportarem sozinhas os problemas, são menos vulneráveis às moléstias.
Dr. James Pennebaker , da Escola de Medicina Johns Hopkins diz, em The Journal of Abnormal Psichology, que há benefícios para a saúde quando nossos segredos mais penosos são compartilhados com os outros. Ele diz ainda que o ato de confiar em alguém protege o corpo contra tensões internas prejudiciais que são o castigo por levarmos um fardo emocional, como, por exemplo, um remorso reprimido. Os fatos foram também confirmados por pesquisas recentes da Universidade de Harvard. ( A Cura das Memórias - David A Seamands, pág.48)


Conclusão:
A única Solução para o pecador é voltar-se para Deus, com confissão e o arrependimento.

Há três tipos de atitudes que o aconselhado (pecador) pode tomar:
*    A auto rebelião
*    O auto-engano
*    Autoconsciência - O filho pródigo "caiu em si". Entendeu que tudo o que fizera fora um tremendo erro. Fora seduzido pelo poder, senso de liberdade, auto suficiência, no entanto fora totalmente enganado, iludido pelo ego e as conseqüências foram drásticas. Felizmente um dia ele caiu em si e sua vida começou a mudar.

A única solução para o homem pecador é voltar-se para Deus. Talvez sujo, desorientado, envergonhado, miserável, ferido, desumanizado, frustrado, angustiado, sem paz.
Deus espera nosso retorno. Confissão e arrependimento mudam nossa história.
Uma sensação de alívio psicológico e espiritual envolverá aquele que humildemente confessar os seus pecados. Deus é rico em perdoar Is. 55.7b; e retornará a alegria da salvação para aquele que é perdoado.
A Bíblia faz o registro de muitas promessas ao que confessa seus pecados, dentre elas:
a) – Alcançará misericórdia – Pv. 28.13
b) – Perdão dos pecados – I Jo. 1.9a
c) – Purificação de toda injustiça – I Jo. 1.9b

O conselheiro será a figura de um sacerdote e não de um juiz. Lembre-se que é o Espírito Santo quem convence o homem do pecado. Convide o aconselhado a fazer uma oração de confissão na clínica pastoral. Encoraje-o a perseverar em casa, a sós com Deus, o processo de arrependimento e confissão, se o tempo e as condições na sessão de aconselhamento não foram suficientes.

Um forte abraço,

Denis Frota, DD
Pastor Presidente da Comunidade de Nova Vida
Itapajé-Ceará
Denisfrota@email.com

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