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segunda-feira, 1 de outubro de 2012
A RESPONSABILIDADE DA PATERNIDADE CRISTÃ
A RESPONSABILIDADE DA PATERNIDADE CRISTÃ
Alice Sanchez Eisenhut
Pedagoga pelo UNASP ? Campus de Engenheiro Coelho.
Aconselhamento Educacional e Familiar pelo UNASP ? Campus de Engenheiro Coelho.
and7br@yahoo.com.br
Introdução
O mundo hoje passa por um período de transformações intensas, vivemos na era da tecnologia onde o ser humano procura respostas rápidas e soluções imediatas, sem que isso lhe faça perder tempo. A população se tornou impaciente, passando a exigir velocidade nas suas relações familiares, na sua vida religiosa, no trabalho, na forma de se alimentar, etc.
Os meios de comunicação passaram a determinar o comportamento das pessoas, pois sabemos que a mídia acaba refletindo os valores de sua época. Segundo McDowell e Wakefield (1997), se olharmos para a década de 60, por exemplo, o problema que a família enfrentava era se a mulher poderia ou não trabalhar fora. Hoje o que vemos na mídia em geral é se o jovem deve fazer sexo no primeiro encontro ou deve esperar mais um pouco. As batalhas que as famílias enfrentam atualmente não são iguais as do passado, a imoralidade e a decadência espiritual estão tomando conta da mente das pessoas.
Moreira (1979) apresentou na década de 70 uma estatística demonstrando que os problemas modernos já estavam interferindo no equilíbrio familiar. Pois sabemos que o ponto fundamental está em preservar os filhos desses problemas e instruí-los com princípios cristãos. Mas como conciliar uma vida profissional com intensas jornadas de trabalho e ao mesmo tempo colocar em prática a função de pai, visto que este é colocado como o principal alicerce e provedor da família, ou até mesmo o sacerdote da casa de acordo com a Bíblia? O fato é que muitos por não conseguirem administrar sua paternidade com eficácia, acabam fracassando.
Isso nos mostra que a falta de envolvimento dos pais com os filhos acaba gerando um número cada vez maior de jovens que crescem sem nenhuma referencia masculina ou como em outros casos não sabem ter limites para suas ações. Será que os atos e as palavras de um pai cristão influenciam a vida de seus filhos, fazendo com que cultivem bons valores morais e espirituais?
Não podemos negar que a figura paterna é fundamental para a educação e desenvolvimento dos filhos, preservando-os de todos os problemas que enfrentamos atualmente, por isso a importância de educá-los e orientá-los de uma forma que aprendam a enfrentar um mundo em constante metamorfose.
A função do pai no lar cristão
Alguns acreditam que a paternidade pode ser a tarefa mais desgastante do mundo, e ao mesmo tempo a mais importante e recompensadora que qualquer homem possa desempenhar. Nessa atividade suas limitações não são levadas em conta, pois o importante é que se superem os obstáculos e que as dificuldades sejam vencidas, tornando-se assim o pai que os filhos gostariam de ter. Mas para isso precisamos entender que a função de pai é o mais alto legado que um homem pode ter, a mais nobre responsabilidade que Deus oferece a fim de que este se torne um mordomo fiel. Quando este propósito é entendido a vida do pai passa a ser uma referencia na educação dos filhos, moldando o caráter das crianças e fortalecendo a vida espiritual delas. Todavia esta incumbência não deveria ser executada sem orientação divina, pois a paternidade cristã tem o compromisso de formar crianças à imagem de Cristo, com o auxilio de Deus e das Escrituras Sagradas.
Tradicionalmente em um lar cristão a posição do pai é comparada como a de um sacerdote que representava o povo de Israel perante Deus, assim se este viesse a pecar todo o povo se tornava culpado e ficava sem intercesor, como está escrito em Leviticos 4:3.
De acordo com Ellen G. White (2004, p. 212):
Todos os membros da família se centralizam no pai. Ele é o legislador, ilustrando na própria varonilidade as importantes virtudes: energia, integridade, honestidade, paciência, coragem, diligência e prestatividade. O pai é em certo sentido o sacerdote da família, apresentando ante o altar de Deus o sacrifício da manhã e da tarde. A esposa e os filhos devem ser encorajados a unir-se nesta oferenda e também a participar dos cânticos de louvor. De manhã e de tarde o pai, como sacerdote da família, deve confessar a Deus os pecados cometidos por ele mesmo e pelos seus filhos durante o dia. Tanto os pecados de que se tem conhecimento, como aqueles que são secretos e que só Deus conhece devem ser confessados.
Não podemos negar que os pais são os representantes de Deus aqui na terra, e que cada família simboliza a sua igreja no céu. Cabe ao pai como legislador divino em sua família desenvolver em seus filhos os elevados princípios das sagradas escrituras, como domínio próprio, pensamentos puros e a temperança para que assim suas mentes sejam ocupadas com valores que os capacitarão a render obediência não só a seus pais terrestres, mas também ao Pai celestial.
Em nenhum momento o pai deve se esquecer de desempenhar o papel que a ele foi confiado, ao seguir seus próprios instintos dando liberdade a sua imaginação pervertida e dedicando o seu tempo a atividades que não edificam, este acaba deixando uma porta aberta para que satanás plante a semente da discórdia destruindo aquilo que Deus mais ama, a família.
A paternidade cristã em mundo secularizado
O que a figura do pai é hoje em grande medida determinará o que o seu filho será no futuro, por isso ao se descuidar de tão grande obra, os valores da família acabam se perdendo. Entretanto isso não é feito de maneira consciente, ou seja, atualmente as famílias tradicionais cristãs estão perdendo sua identidade pouco a pouco, por não acompanharem as mudanças que estão ocorrendo no mundo. A geração na qual os jovens vivem hoje é totalmente diferente da época de seus pais e avós. Por isso a necessidade de uma maior intimidade com Deus.
Em Efésios 3:17-19 Paulo nos ensina:
Que Cristo habite pela fé nos vossos corações, a fim de que, estando arraigados e fundados em amor, possais compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios até a inteira plenitude de Deus.
Segundo Drescher (1998, p.100) "Só até certo ponto é que dependemos de Deus, para educar, corrigir e encorajar nossos filhos, pois podemos estar tão imbuídos da agitada vida moderna que negligenciamos a necessidade de permanecer junto aos filhos". Está é uma grande verdade que vem assolando muitos lares cristãos que estão se destruindo com as influencias negativas de um mundo pós-moderno. Poucas pessoas acreditam que podem resgatar os princípios cristãos da família em um mundo tão secularizado.
O que vemos hoje é que o homem da pós-modernidade é um ser vazio, alienado e passível de muitos erros, principalmente na questão paterna e no relacionamento conjugal, e por isso sua identidade já não serve mais como referencia na criação dos filhos. A tendência é exatamente se voltar para o trabalho e se ausentar do lar, este fato pode afetar grandemente a vida de seus filhos causando-lhes um dano emocional e espiritual. A ausência da figura paterna no lar gera certa incapacidade dos filhos em desenvolver a confiança no pai como um amigo, criando assim uma barreira emocional e física entre eles. (ESTRADA, 2003, p. 139). Conseqüentemente, a figura de Deus como um Pai amoroso e que se importa com seus filhos, acaba perdendo a sua importância. Por isso "os pais precisam manter sua função de lideres de família, aqueles que guiam, estabelecem limites e iluminam o caminho erguendo a tocha da fé" (DRESCHER, 1998, p.100)
Hoje, infelizmente, vivemos em uma época onde a conformidade com este século tem assediado o povo de Deus a se adaptarem aos costumes mundanos. A própria Bíblia já nos alertou sobre isso: "E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus" Romanos 12:2. É muito triste quando vemos os próprios pais indiferentes em relação à devoção e comportamento de seus filhos, deixando-os livres para fazerem tudo conforme a sua vontade, com a liberdade de desenvolverem uma vida desordenada e sem limites. Crowford (1985), citado por Estrada (2003), declara que os problemas emocionais dos jovens não se devem à disciplina, mas à falta dela. Assim como a Bíblia nos revela que Deus corrige a quem ama, o amor do pai deve ser refletido em uma boa disciplina, estabelecendo limites e regras. A disciplina e o amor não devem andar separados, mas de mãos dadas para que possam produzir jovens valorosos. "E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela." (Hebreus 12:11).
De acordo com Estrada (2003, p.151) "O homem deve buscar sua identidade na palavra de Deus, pois foi Ele quem o criou como homem". A partir daí a influencia que ele irá exercer em sua família será determinada pelo seu conhecimento de Deus, que só vem através de uma vida espiritual consagrada, do estudo da Bíblia e pelo poder do Espírito Santo que a usa para convencer, guiar e purificar. Todavia, esta deve ser uma busca diária e de maneira sistemática, pela manhã, à tarde e a noite juntamente com a esposa e os filhos para que a fé possa ser desenvolvida espontaneamente com a convivência constante, das alegrias, dos prazeres e das descobertas que a palavra de Deus nos trás. Afinal se os pais querem ter filhos melhores, precisam ser melhores pais.
Dessa maneira a construção de um caráter integro e o desenvolvimento de uma fé inabalável na vida dos filhos são consequências de uma paternidade efetivamente dedicada a palavra de Deus.
A Bíblia nos apresenta um modelo de Paternidade
Segundo Estrada (2003, p. 158) o homem criou uma imagem em sua mente onde o papel de pai começa e termina de maneira muito rápida. Ou seja, basta simplesmente gerar um filho e prover-lhe o bem estar material e físico e a sua tarefa está cumprida. Há outros que vão muito mais além, nem se preocupam em conhecer os filhos que geraram. Mas como vimos anteriormente somente quando o homem se dedica a uma vida de oração poderá enxergar em Deus um perfeito modelo de como se deve ser um pai cristão. Com o tempo Deus poderá aflorar no homem os seus próprios traços, fazendo transparecer a sua face sobre ele, de forma sempre mais visível, amadurecendo e aperfeiçoando sua personalidade a cada dia.
Ellen G. White (1959, p. 390) nos afirma que:
Os filhos esperam do pai apoio e guia; cumpre-lhe ter justa concepção da vida, e das influências e associações que devem rodear sua família; ele deve ser regido, acima de tudo, pelo amor e temor de Deus, e pelos ensinos de Sua Palavra, a fim de lhe ser possível guiar os pés dos filhos no caminho reto.
Em João 3:1 lemos: "vede quanto amor tem nos concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus". Ele nos ama e essa é a sua maior característica e de acordo com esse modelo o homem deve se dedicar mais a sua família se envolvendo mais com os filhos, participando mais em sua educação, no desenvolvimento de sua espiritualidade, lazeres e recreações. È necessário que os Pais eduquem seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor.
Muitas crianças possuem uma ideia errada do amor de Deus por causa das atitudes errôneas de seus pais, por isso uma coisa fundamental que os pais devem aprender é que uma criança sempre irá associar a imagem mental do amor do Pai celestial com a do pai terrestre. Assim se essa imagem que ela tem do amor do pai estiver em desarmonia com a imagem do amor de Deus, muitos filhos passarão por dificuldades de relacionamento com seus pais e sentirão dificuldades em relacionar-se com Deus.
A Bíblia nos diz que Deus é nosso refugio e fortaleza socorro bem presente nas tribulações Salmo 43:1. Assim também deve ser a atitude do pai cristão, alguém a quem o filho possa confiar e encontrar refúgio, alguém que possa estar sempre a disposição. O nosso Pai celestial é amoroso, perdoador, misericordioso e paciente. "Como o Pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem. Pois Ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó. Salmo 103:13,14. Os filhos buscam um pai perfeito amoroso, carinhoso que os pegue no colo e demonstre amor e atenção. Esse modelo de pai perfeito só é possível encontrar em Deus.
O bom pai é aquele que é provedor assim como Deus "Pai meu, tu es o amigo da minha mocidade" Jeremias 3:4. "Seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz" Isaías 9:6. É também aquele que sabe disciplinar com amor "Filho meu, não menospreze a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por Ele for reprovado porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a que recebe por filho" Hebreus 12:5,6,8,11. Que nos momentos de dificuldades serve de ombro amigo" Bendito seja Deus e Pai de nosso Senhor Jesus, o pai de misericórdia e o Deus de toda a consolação". II Coríntios 1:3,4. Que está sempre disposto a nos defender e proteger de qualquer situação "Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Todo-Poderoso descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio. Porque ele te livra do laço do passarinho, e da peste perniciosa". Todos esses são atributos de Deus que encontramos na Bíblia e que servem de referencia para a paternidade cristã, que se colocados em prática refletirão o amor de Deus para com seus filhos.
Metodologia
A pesquisa foi realizada de forma qualitativa, partindo de pesquisas bibliográficas que foram cuidadosamente selecionadas e deram o embasamento teórico para essa temática.
Considerações finais
Verificou-se neste trabalho a importância da paternidade cristã em relação ao desenvolvimento emocional e espiritual da família.
Mais do que isto, percebeu-se a suma relevância que existe em uma vida dedicada a Deus e os frutos desta comunhão, que de forma mais efetiva se evidencia na educação e na formação do caráter dos filhos ajudando-os a desenvolver o respeito próprio, o amor pelos pais e a confiança em Deus.
Por fim, é dever daqueles que atuam como pais de família que ao se depararem com essas informações possam refletir a respeito de sua própria vida e do contexto em que a mesma está inserida, visando a cada dia melhorar o convívio paterno com seus filhos procurando incutir valores morais em suas vidas, criando um ambiente saudável e harmonioso em seu lar.
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