sexta-feira, 1 de julho de 2011

A FALSIDADE

 
    “Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo, pois somos membros uns dos outros. Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira; nem deis lugar ao Diabo.Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tem necessidade.Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas ó a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem.E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.Toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia sejam tiradas dentre vós, bem como toda a malícia.Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo". (Efésios 4.25-32) Paulo está dizendo que alguém se converte, tem de despojar-se de sua vida antiga como alguém se despoja de uma roupa que não usará mais. Ele indica o que deve desaparecer quando alguém se torna um verdadeiro cristão:
Não deve haver mais falsidade.
No mundo existem muitos tipos de mentiras. Há mentira nas conversas e na palavra. Algumas vezes essa mentira é deliberada e outras, inconsciente. De um livro sobre educação, extraimos o seguinte conselho para educação das crianças: “Acostumem constantemente seus filhos a isto (dizer a verdade); se uma coisa acontece junto a uma janela e elas ao relatar dizem que sucedeu outra, não deixem isso passar, mas corrijam no momento; não se sabe onde irá parar o desvio da verdade... se há tanta falsidade no mundo, se deve mais ao descuido da verdade do que a mentira intencionada”.
Temos de nos acostumar a dizer sempre a verdade. É fácil tornar um relato mais interessante acrescentando a ele alguns detalhes; é fácil fraudar uma história quando lhe dispensamos uma omissão ou ação.
É certo que o mundo está cheio de uma falsidade quase inconsciente e que a verdade exige um esforço deliberado, porém não só existe mentira na conversação, mas também no silêncio, sendo essa muito mais comum. André Maurois, em uma frase memorável fala da “ameaça das coisas não ditas”.
Pode acontecer que em uma discussão alguém fique calado quando deveria falar e que pelo silêncio aprove uma ação que seja injusta. Pode ser que alguém se abstenha de uma admoestação ou reprovação quando sabe perfeitamente que deveria fazê-lo. Por mais que se tente justificar coisas desse tipo, elas revelam falta de caráter cristão. O homem pode sufocar a verdade com o silêncio, assim como pode disfarçá-la com as palavras.
O apóstolo Paulo diz: somos todos membros de um só corpo. Só podemos viver em segurança se nossos sentidos e nervos transmitem ao cérebro mensagens verdadeiras. Se as mensagens que transmitem são falsas, se, por exemplo, comunicam ao cérebro que algo está frio e se pode tocar, quando de fato está quente e queima, a vida, muito cedo chegará ao fim. Um corpo só pode funcionar devida e saudavelmente, quando cada parte transmite ao cérebro e as demais partes uma mensagem verdadeira.
Logo, se estamos ligados em um corpo, este corpo só pode funcionar quando dizemos a verdade. Todo engano, toda mentira e toda falsidade prejudicam a obra do corpo de Cristo.
É interessante compreender que não existe o que se pode chamar de “falsidade particular”, ou seja, uma mentira ou uma falsidade não prejudica somente a pessoa que a pratica. Ela é como um veneno, que se espalha lenta ou apressadamente, por todo o corpo. Quantas famílias, igrejas, empresas, ou comunidades, têm sido atingidas pela falsidade de apenas uma pessoa? Uma pequena porção de fermento leveda toda a massa.
Há quem use a falsidade para tirar proveitos. Muitas pessoas afirmam certas coisas ou deixam de afirmar outras para levar vantagens, obter lucros, ascensão social, demoralizar outras pessoas, etc. Essa parece ser a ética do mundo. Rui Barbosa, o grande jurista brasileiro, afirmou certa vez, dentre outras coisas, que de tanto ver triunfar a mentira e a falsidade, tinha até vergonha de ser honesto.
De fato, a pessoa comum muitas vezes se sente, na nossa sociedade, quase obrigada a ser falsa. A mentira, o engodo, o engano, a falsa aparência, a esnobação e a desfaçatez são gêneros de primeira necessidade nos relacionamentos entre as pessoas. Não dá para deixar de atribuir esse tipo de comportamento ao diabo.
A Bíblia nos adverte contra a falsidade: Cada um fala com falsidade ao seu próximo; falam com lábios lisonjeiros e coração dobre. (Salmo 12.2)
Desvia de mim o caminho da falsidade, e ensina-me benignidade a tua lei. (Salmo 119.29).

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