O Evangelho que nós pregadores pregamos é muito falho, ou melhor, antes que me critiquem, o Evangelho, a Bíblia é perfeita, mas nós os pregadores somos falhos. Um exemplo disso é o ensino bíblico de Jesus paraamar os inimigos. Mas vamos falar a verdade, que coisa difícil, né não? Praticamente todas as religiões recomendam amar os inimigos. Em seu ministério, Jesus recomendou vivamente que seus discípulos dedicasse um tratamento especial baseado no amor e perdão a seus inimigos.
“Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.” Mt 5:43-45
Não escolhemos amar os inimigos
Lembro-me de uma pregação do Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista Água Branca, onde ele falava que o ensino para amar os inimigos, era para amar o soldado romano que invadiu a casa do judeu cristão e matou toda a sua família.
O inimigo a ser amado era o soldado romano, que invadindo a casa, literalmente, metendo o pé na porta, estuprou, na frente do pai e marido, a esposa e as filhas e o feriu de morte, sangrando. Esse é o inimigo a ser amado. O inimigo, que é inimigo, mesmo. Aquele que nos persegue, e que não nos ama de maneira nenhuma. Existem pessoas que parece que nasceram para nos atormentar.
Jesus diz para amar o ladrão que roubou a nossa casa, o amigo que nos traiu, dando-nos um prejuízo financeiro absurdo, ou ainda o sócio que fugiu com a grana. Pode ser ainda que amigos se tornassem inimigos com o tempo. Existem parentes que de amigos viraram inimigos – esses são perigosos, eles nos conhecem; existem amigos que viraram inimigos, existem inimigos que nunca foram amigos, existe o cara, ou a mina dissimulada, falsa.
E Jesus diz para amar os inimigos. Observe que não é só pra aturar os inimigos, talvez fosse mais fácil; não é só para estar perto do inimigo, sem voar no seu pescoço; mas é para amar o inimigo. Amar o inimigo – que frase fantástica, não é? Fácil, o que você acha? Jesus falando parece bico, não é mesmo?
Vamos ler novamente o que Jesus ensinou:
“Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.
Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Não faz os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? Não fazem os gentios também o mesmo? Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial”. Mt. 5. 44-48
O ensino antigo era amar o próximo e odiar o inimigo. Mas Jesus ensinou algo perturbador: Amai a vossos inimigos. Amar já é difícil, imagine amar o inimigo. Orar pelos que nos perseguem parece fácil, oramos para que eles sumam, nos larguem, se esqueçam de nós; só que não parece que é isso que Jesus ensina. O ensino de Jesus, entrelinhas, é de orar para Deus abençoar, salvar e fazer obra da graça, na vida dos nossos inimigos.
A nossa conversa, muitas vezes parece-se com duas vozes distintas. Pois no Antigo Testamento, principalmente no livro de Josué, dá-se a entender, que quando o inimigo se levanta contra você, deve-se destruí-lo por inteiro, de maneira que ele não possa mais ficar de pé e que pense seriamente em te atacar novamente. Eu já fiz isso com gente que se levantou seriamente contra mim. Só que cada caso é um caso e todos os casos devem ser expostos perante Deus em oração.
Minha experiência pessoal, como tratei com meus inimigos
Tenho inimigos que Deus orientou como fazer para guerrear com eles. A um, Deus me deu a estratégia de orar para que ocorresse algo com ele e ele se ocupasse, me esquecendo. Outro, o Espírito Santo deu a orientação para que mudasse para muito longe – essa era uma macumbeira, que já foi tarde.
Tão grave foi o levante praticado por outra pessoa, que quase me derrubou espiritualmente, me abalando seriamente. Deus em pessoa usou alguém em pregação para que eu entendesse que Jesus mandou os discípulos atravessar o mar, até chegarem do outro lado, mas que para algumas pessoas, para que cheguem ao outro lado, é melhor, elas irem em barcos separados, com rotas distintas.
Em resumo: Cada um no seu barco. Só que essas pessoas e muitas outras, todas ouviram o evangelho através de mim, nenhuma delas ficou sem ouvir a Palavra de Deus. Ainda digo que orei antes, pedindo orientação sobre o que fazer contra aquela pessoa que resolveu me colocar no seu caderninho preto.
Como aprendi a amar o meu inimigo
Mas cada caso é um caso e aprendi a amar o meu inimigo. Como? Fácil, em Jesus. Se Ele pode perdoar a pessoa, eu também posso. Só que perdoar é uma coisa e andar com ela é outra. Não preciso andar aos beijos e abraços com alguém que desejou o meu mal.
Aliás, a Bíblia manda orar, abençoando o inimigo, que esse é o meio mais rápido de Deus julgar aquele que se levanta contra nós. Ore abençoando. Eu imagino isso assim: imagine que você está orando, abençoando o seu inimigo, justamente na hora em que ele está planejando o seu mal.
Deus está vendo aqui e ali ao mesmo tempo. Numa dessas horas em que você abençoa o infeliz, vai que Deus pega ele falando mal de você. Pronto, vai se entender diretamente com Deus! Mas ainda não chegamos ao ponto: Jesus ensina a amar o inimigo. Amar já não é fácil por si só, imagine amar o inimigo?
Mateus 5 diz: “Ame seus inimigos, ore por eles, para que vos torneis filhos de vosso Pai que está nos céus”. Opa! Para me tornar filho de Deus, que está nos céus e é meu Pai celestial, eu tenho que amar os inimigos? Olhe, entrar no Céu é caro e não é pra todo mundo, já digo logo.
Em muitos rincões do nosso pais, existem pessoas que de tão rancorosas, vivem com a esperança de se vingar da outra. Muita gente nem lê o ensino bíblico, piorou praticar. Deus faz nascer o sol sobre bons e maus e faz cair chuva sobre justos e injustos. Esse ensino nos parece muito com o ensino de Salomão. Se amarmos só os que nos ama, que recompensa teremos, diz Mateus. E o resumo é: seja perfeito, como é perfeito o Pai celestial.
Três passos para amar os inimigos
É aqui que eu queria chegar, o Evangelho que pregamos é muito falho. Você já observou que existem 10 passos para ficar rico, ou 5 passos para a conquista, ou sermões do tipo e não existe praticidade em fazer algo que de tão importante pode nos fazer perder o Céu?
Nós pregadores não pregamos os passos para amar o inimigo. Na verdade, acho, que nem pensamos nisso. Não gastamos tempo meditando como podemos fazer, efetivamente, para amar os que não nos amam, principalmente, como cristãos.
Primeiro passo para amar os inimigos
Qual poderia ser o primeiro passo para amar os inimigos? O primeiro passo é perdoar a pessoa em Deus. A minha primeira companheira ficou grávida de uma menina linda, que amo demais, diga-se, apesar de quase não nos vermos. Deus tratou comigo durante tempos, até que eu perdoasse o moço que a engravidou. Sinceramente, eu não consegui, diga-se, que fique registrado.
Mas Deus conseguiu em mim, ou através de mim. Numa época que estava me consagrando e estudando a Bíblia, o Espírito Santo me constrangeu a perdoar o meu inimigo. O seu amor é tão amoroso e a sua presença é tão doce, que o seu amor nos constrange.
Perdoei, está perdoado e desejo o melhor pro moço, seja lá onde quer que ele esteja. A minha ex-companheira, também foi perdoada. Ela já morreu, de tanto fumar. O primeiro passo, então, é o perdão em Deus.
Segundo passo para amar os inimigos
É entregar o caso a Deus. Devemos apresentar o caso em oração sincera a Deus. E quando eu digo em oração sincera, eu quero dizer que devemos orar com determinação, sem pressa, a respeito do assunto. Como é isso? Orar por alguém é apresentar-la Deus, incluindo sua família, seus planos e o que mais soubermos, se soubermos.
A oração demanda tempo, talvez muito tempo. Mas não é em vão, pois vemos nitidamente a vida das pessoas mudando e sabemos, assim como Deus sabe, que foi a nossa oração que juntou aquele casal. Que foi a nossa oração que fez com que o desempregado arrumasse trabalho registrado, ou que a mãe estéril teve uma filha. Esses casos são reais, assim como a Bíblia é real.
Alguém esses dias me disse que a Bíblia não é um livro literal, mas um livro de histórias para enlevar a alma. A pessoa tentou me convencer que a Bíblia não pode ser real. Ela sustenta que aqueles registros bíblicos são apenas educativos, ainda que de uma forma espiritual. Essa pessoa, de quem gosto muito é católica praticante e não crê na literalidade da Bíblia.
Devemos então, assim como devemos orar tudo a respeito das pessoas que são alvo de nossas orações, ou como diz alguém, cobrir de oração, uma oração que abranja todas as áreas vida da pessoa. Devemos fazer também com o inimigo perdoado – pois estamos no segundo passo, não é mesmo? – devemos cobrir de oração aquele que fez algo contra nós.
A esperança, diferentemente de Jonas que pecou, desejando o mal de seus inimigos, é que o inimigo se converta e possa virar amigo, talvez. Talvez ainda possa virar mais do que amigo, mas talvez um irmão. O que nos leva ao terceiro passo.
Terceiro passo para amar os inimigos
O terceiro passo é compreensão, entendimento, saber, compreender o que ocorre com o ser humano e o que a Bíblia nos fala sobre o ser-humano. Ainda assim, precisamos entender que o inimigo, não é o nosso verdadeiro inimigo, mas que ele, que se levanta contra nós, não é o alvo.
Nossos inimigos em dimensão espiritual
O alvo é que a nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra principados e potestades, diz em Efésios. Esses principados, ou príncipes demoníacos dominando o mundo, ou esses poderes ocultos das trevas, esses sim, são os inimigos, de toda a humanidade. Por isso que orei muito para saber o que fazer sobre aqueles que se levantaram contra mim.
Quando compreendermos que muitas vezes o inimigo não é o ser-humano, o nosso próximo, mas espíritos demoníacos. A humanidade está doente, de uma doença mortal, que é o pecado, e se ele, ou ela se levanta contra nós, só conseguiu isso porque foi insuflada por estes espíritos.
Em segundo lugar devemos compreender que algumas pessoas estão possessas de demônios, que entraram dentro delas e as dominam, e que o restante da humanidade está debaixo de opressão maligna. Toda a humanidade. Opressão é pressão, é o Demônio atacando por todos os lados. E na verdade, nós somos a única frente de luta real e verdadeira contra as hostes do Inferno, aqui na Terra.
Inspirados pela Trindade, nós guerreamos contra os demônios, quando não aceitamos suas obras. Quando oramos repreendendo o inimigo, nós o estamos derrotando.
Antes de prosseguir, deixe-me aqui registrar um projeto que surgiu nas redes sociais em prol da paz, trata-se de um movimento que reúne fotos de árabes e judeus que se recusam a ser inimigos.
Os envolvidos nesta iniciativa têm usado a hashtag #JewsAndArabsRefuseToBeEnemies (“Judeus e árabes se recusam a ser inimigos”, em tradução livre) com fotos e mensagens que simbolizam a igualdade, o amor e o respeito entre ambos os povos. Veja uma das imagens abaixo.
O terceiro passo para amar os inimigos é entender que até o mais ferrenho inimigo, está sob influência direta de Satanás e que outrora eu era do mesmo jeito que ele, ou ela, sem entendimento das coisas de Deus. Esses são alguns passos práticos. Espero poder ter ajudado. Que Deus abençoe você e seus inimigos.
Paulo Sérgio Lários
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